quinta-feira, 19 de maio de 2011 7:08
Memórias do cineclube
Luís Felipe Soares
Do Diário do Grande ABC
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Entre alguns momentos engraçados das sessões que promovia em São Paulo estavam a presença ‘secreta'' de agentes do Dops nos espaços que arranjava - seja na casa de amigos ou até mesmo no salão de igrejas. "Faziam questionamentos idiotas e achavam que nos enganavam. Várias vezes acabaram levando o rolo do filme achando que eram produções da Nicarágua e da Rússia, mas eu entregava desenhos animados", recorda o cineclubista. "Sempre levava alguns rolos extras. Walt Disney me ajudou muito nesses momentos."
Apesar do tom cômico com que ''Botinas no Elevador'' lida com a repressão, o objetivo do média-metragem é fazer com que o período não caia no esquecimento. "Infelizmente, existem pessoas que não acreditam na ditadura. Sei que o filme vai ter um público restrito, mas ele busca rediscutir a situação. Temos de ficar mexendo sempre na história."
HISTÓRIAS
O universo do cineclubismo sempre contou com boas histórias. As sessões são prato-cheio para que o inusitado ganhe espaço na memória.
O escritor Zhô Bertolini, de Santo André, recorda que frequentava cineclubes na Capital. A programação dos espaços contavam com grandes obras que não chegavam às salas comerciais e encontram público fiel. Foi acompanhando exibições como essa que Bertolini teve contato com produções alemãs.
Quem também se recorda dos pequenos cinemas é Diaulas Ullysses. O morador de São Bernardo achou interessante a troca de ideias entre os presentes. "Até hoje há brigas homéricas. Nesse momento, ninguém é bonzinho e todos querem impor seus pontos de vista", diz.
Hoje, como coordenador do Cine Eldorado, ele continua se divertindo com a reação do público, principalmente, das crianças. "Elas têm sintonia maior com as imagens", acredita ele.
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